quinta-feira, 6 de abril de 2017

Nossa Amiga Ana

Ha alguns anos, mais precisamente seis, meu pai partiu. Estava doente e numa manhã de abril foi embora à procura de descanso e do conforto que certamente recebeu de seus pais e dos irmãos que haviam partido antes dele.

O primeiro ano após sua morte foi muito doloroso para todos nós e cada um à sua maneira foi encontrando seu jeito de viver esse luto e voltar a sorrir.

De repente, todos falávamos sobre a dor e sobre o amor que envolveu a trajetória de nossa família.

Eu, por minha vez, decidi escrever. 

E por um ano fui lembrando histórias e escrevendo sobre elas. Renasci, no reconhecimento do aprendizado que a vida e a convivência ao lado de meu pai me trouxeram. Renasci não só da perda, mas de toda uma vida.

Após esse período de luto - que para mim durou um ano exato - estava leve, porém esgotada de toda a emoção que o escrever me trouxe. Escrever foi a cura, mas foi também a dor. E dor esgota.

Depois disso, muitas vezes tentei escrever, retomar minhas histórias neste canto. Não consegui e certamente não foi por falta de assunto. Foi um vazio de inspiração. Talvez uma proteção até que eu pudesse estar aqui novamente, inteira.

E cá estou eu de volta, hoje para falar sobre um personagem muito importante na vida de todos lá em casa: Ana Bocardo.

Minhas histórias sempre, de um jeito ou de outro trazem a participação de meu pai. E assim também é agora.

Ana foi namorada de meu pai na adolescência. Não sei como se davam os namoros entre adolescentes naquela época - estou falando dos idos de 1930, lá na pequena Taiaçu onde nossa família morava. 

Sei que foram namorados e depois disso foram muito amigos.

Ana faleceu no auge dessa adolescência, depois de uma infecção que tomou conta de seu corpinho de menina-moça. Meu pai dizia que isso aconteceu depois de uma espinha mal cuidada no rosto. Pode ser. Pode ser também que meu pai tenha entendido tudo errado pela pessoa simples que foi, e assim ficou registrado para todos nós. Tudo pode ser. E Ana se foi.

Durante a doença de Ana meu pai esteve sempre presente, agora então como grandes amigos que eram. E Ana despediu-se de meu pai em paz, pedindo que ficasse tranquilo porque estaria bem. Muitas vezes ele nos contou essa história.

O fato é que meu pai era médium e desde criança teve o dom da clarividência. Soube da morte de sua avó antes que a notícia chegasse a seus pais, e dela se despediu antes dos outros. 

Não seria diferente agora: recebeu a visita de Ana um tempo depois de sua partida.

Emocionou-se, conversaram, e a partir daquele momento não mais se desgrudaram. Ana passou a ser um anjo da guarda para meu pai e puxava sua orelha a cada passo mal dado. Ela certamente era um espírito já muito evoluído e ajudando meu pai e a família que ele formou sem dúvida brilhou ainda mais.

Durante toda nossa vida, fomos aprendendo a lidar com a presença de Ana entre nós. A princípio duvidando, depois com a certeza de que ela alí estava e nos protegia.

Durante o tempo que meu pai esteve doente, lá estava Ana. Nada falava sobre sua doença. Quando meu pai perguntava, ela lhe fazia um sinal, que esperasse, se acalmasse, assim dizia ele.

E foi dessa forma, com a proteção de Ana e de muitos outros guardiões, que meu pai um dia se foi. Num 20 de abril.

E Ana? não sabemos, mas certamente não nos abandonou por completo.

Um mês depois da morte de meu pai, fui a Taiaçu e levei flores para ela em seu túmulo. Agradeci em nome de toda a nossa família e de meu pai pela companhia e pela proteção. Pela presença em nossa vida. Pelo amparo e também pela felicidade de tê-la conosco.

Continuo fazendo isso em toda a oportunidade que tenho de ir a Taiaçú, e me faz um bem enorme.

Perdoe-me, Ana, por não conseguir expressar melhor aqui todo o amor e a gratidão que temos por você.

Você é um de nossos amores nessa vida e para sempre será assim.

Esteja bem, na luz.

Gratidão.


Para ANA BOCARDO, onde estiver


sábado, 30 de julho de 2016

UM POUCO DE COLO



Uma amiga me disse que se estamos tristes devemos imaginar que nosso travesseiro é o colo de alguém que amamos: nossa mãe, nosso pai, alguém querido. 

Outra noite, ao me deitar, lembrei-me disso e descansei meus medos naquele que imaginei ser o colo de meu pai. Imediatamente, fui tomada de uma emoção indescritível e chorei. Pedi a ele que estivesse comigo, que me ajudasse a ter forças, a escolher os melhores caminhos, a ter perto de mim as melhores pessoas para me ajudar nesse momento. Pedi o entendimento entre a aceitação e a entrega; entre a luta e a revolta. E foram tantos pedidos, tantos medos, tantas dúvidas.

Assim adormeci e descansei no colo de meu pai, protegida do escuro da noite e das angústias do meu coração.

Durante a noite acordei algumas vezes e mudei para o colo de minha mãe, de meus avós, minha tia-avó querida. E assim fui noite adentro.

Acordei amada e protegida por todos eles.

Perto de mim e sempre comigo tenho muitas pessoas queridas, principalmente meu marido - que tem se mostrado o melhor companheiro que a vida poderia ter me dado. Assim também são meus irmãos, meu cunhado e sobrinhos, meus compadres, meus enteados, minhas tias, meus primos, meus amigos ... e são tantos e tantos mais.

Não sei exatamente para onde vai indo minha estrada, mas sei que de alguma forma é por ela que devo seguir. Tenho medo, mas maior é minha fé.

Tenho um imenso amor que me cerca e a proteção de todos os santinhos do meu altar, que olham por mim. Tenho as armas que preciso para lutar.

Deus esteja conosco, alimente nossos corações de fé e coragem.

Foto: xiqueforever





sexta-feira, 4 de abril de 2014

Meu Casamento

Amor e Tradições



Os Doces



O Quadro


Quadrinhos


A Chegada


O Encontro


A Cerimônia


Casados



As Flores



A Música Escolhida
"Eu Não Existo Sem Você"
(De Vinícius de Moraes, com Nana Caymmi)



quarta-feira, 26 de março de 2014

A Cerimônia

Após o registro civil de nosso casamento, Israel e eu fomos presenteados com uma cerimônia realizada pelo meu irmão, Luiz Carlos Marasco.

Gratidão a ele pela dedicação e pelo imenso carinho. 

Gratidão à espiritualidade que o inspirou e nos emocionou.






Sandra e Israel,

Além de registrarem perante a lei dos homens a decisão de levarem uma vida em comum, vocês me pediram que os ajudasse a confirmar essa decisão também junto à espiritualidade.

Não tenho e ninguém mais tem poder algum de garantir coisa alguma a vocês. Todos nós aqui presentes, seus amigos e parentes, viemos testemunhar a decisão de vocês e, mais importante, prometer que assumimos o compromisso de apoiá-los nessa decisão. Estaremos sempre juntos. Contem com esse nosso compromisso.

Além dos que estão presentes fisicamente, aqui também estão em espírito todos seus amigos e parentes, desta e de outras vidas, e que sempre estão e estarão presentes em seus momentos mais importantes. Eles também assumiram o compromisso de apoiá-los nessa nova etapa de suas vidas. Contem também com esse compromisso.

Mais ainda, além dos seus parentes e amigos, presentes fisicamente ou não, aqui estão presentes todas aquelas entidades que sempre os apoiaram e ajudaram. São seus anjos de guarda, seus espíritos guardiões e seus protetores fiéis. Todos eles já haviam assumido o compromisso de protegê-los, guiá-los e orientá-los. Mas o faziam a cada um individualmente. Agora reafirmam esse compromisso, unindo forças e boas intenções para com vocês dois como um casal. Contem com mais esse importante compromisso.

Enfim, tem muita gente para apoiá-los, mas o principal é com vocês. Todas as decisões são de vocês.

Todas as pessoas, toda a humanidade deste e de outros planetas, têm várias vidas para viver e em cada uma delas muitas oportunidades para aprender com suas experiências, acertos e erros, superando dificuldades e obstáculos, em busca da evolução espiritual. A forma como cada um enfrenta os problemas e dificuldades que se apresentam está relacionada com o acúmulo de experiências pelas quais já passou nessa e em outras vidas. A evolução espiritual é experiência individual, mas o caminho que se deve percorrer, e que será traçado por cada um segundo suas ações e decisões, não precisa necessariamente ser percorrido sozinho. Vocês se conheceram, se gostaram e tomaram a decisão de viverem juntos, compartilhando seus aprendizados e seus momentos bons e outros nem tanto. Vocês apostaram que juntos o caminho seria melhor e mais fácil de ser trilhado. Para que isso possa dar certo, vocês assumiram um compromisso mútuo de se ajudarem, de se compreenderem, de se amarem. Nós todos aqui presentes acreditamos nessa promessa que fizeram e estamos todos aqui para ajudá-los a cumprir essa promessa. Contem com todos nós.

Vocês estão vendo aqui nesta mesa alguns objetos. Vou explicar o que simbolizam.

O incenso, perfumando o ambiente, tem a intenção de criar uma atmosfera agradável, nos levando a melhorar nossos pensamentos e vibrações para com isso facilitar o contato com nossos protetores espirituais e afastar aqueles ainda carentes de mais evolução.



A vela verde simboliza o Universo e os poderes da Natureza que buscamos para nos manter virtuosos e saudáveis.



A vela laranja simboliza a força de nossos espíritos protetores, que buscamos para abrir nossos caminhos e vencer dificuldades.



A Vela azul simboliza a misericórdia, generosidade e justiça divina, que buscamos para que alcancemos a prosperidade e abundância, mas também a responsabilidade da caridade para com as necessidades do próximo.


A vela branca simboliza a sabedoria do estado de Bhuda, a evolução espiritual e iluminação que todos buscamos.



A vela rosa simboliza o amor divino, que buscamos para que em nós se desenvolva também o amor para com o próximo, principalmente aqueles mais próximos.




Esses grãos simbolizam nosso pedido de prosperidade e abundância para todos os seres, já que nunca devemos pedir algo apenas para nós mesmos.


Esses ramos verdes nos lembram da eternidade da vida e que os eventuais problemas que apareçam em nossa vida não são nada perto da vida eterna. Sempre teremos todo o tempo do universo para superar nossas dificuldades.


Mas é importante lembrar que esses objetos todos não têm poder algum em si mesmos. Nada podem e nada fazem. Todavia, cada vez que os vemos ou deles nos lembramos, sabendo o que simbolizam, pensamos no que significam. E aí a mágica acontece. Pois tudo o que pensamos, nós criamos.

Então, estes objetos aqui colocados e todos nós pensando no que simbolizam, são nossos presentes e desejos para vocês.

Por último, mas claramente não em último, estão as alianças. Elas simbolizam o compromisso que vocês fizeram uma para com o outro. Compromisso de fidelidade, vida compartilhada, prioridade, lealdade e companheirismo. Sempre as carreguem com vocês, pois quando as olharem vocês se lembrarão deste compromisso.



Coloquem as alianças no dedo anelar esquerdo um do outro, pois desde o tempo dos antigos romanos acreditava-se que por esse dedo passa uma veia que liga diretamente ao coração.

Para encerrar, peço que todos nos acompanhem numa prece de agradecimento antecipado a Deus, nosso Pai, pelo fiel cumprimento de todos os compromissos que aqui foram estabelecidos.

Pai Nosso,
Que estais nos céus,
Venha a nós o Vosso reino,
Seja feita a Vossa vontade,
Assim na Terra como nos céus.
O pão nosso de cada dia nos daí hoje
E perdoai nossas falhas para consigo.
Assim como devemos perdoar
Aqueles que eventualmente falham conosco.
Não nos deixe cair em tentações,
Mas livra-nos de todo o mal,
Que assim seja.




Sejam felizes, Sandra e Israel!

São Paulo, 22 de março de 2014.





sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MEU RECOMEÇO

Mais um ano termina e vai curiosamente colocando um fim em várias questões da minha vida. Movimento assustador e encantador ao mesmo tempo.

Não sei por que as coisas se deram assim, mas fico ansiosa por saber o que vem lá na frente. A vida nos empurra em direção a novas descobertas, principalmente quando nos achamos confortáveis demais no cotidiano que criamos para nós mesmos. É chegada a hora de aprender novas lições e quero estar pronta.

De certa forma, talvez intuitivamente, fui organizando minha vida para esse momento. Abri mão de alguns outros caminhos para andar pela estrada que me trouxe até aqui. E tenho certeza de que acertei mais do que errei. E lá vou eu!

Trabalho desde meus 14 anos de vida. Claro que comecei manso, mas era cedo. Foi assim também com meus irmãos e meus amigos daquela época. Era difícil e era preciso. Ainda que não fosse preciso, muitos de nós havíamos sido educados para o trabalho. E seguimos assim, sem parar.

Faculdade, nova profissão, algumas tentativas de acertar ... não deu. Era preciso mais e rápido. Também naquele tempo eu estava recomeçando e precisava contar apenas comigo.

Cheguei na UNESP e me encantei. E por 25 anos me dediquei a ela com um amor imenso. Parece piegas, mas foi assim. E só quem chegou nessa instituição nesses primeiros anos de sua existência sabe do que estou falando.

Orgulho, muito orgulho mesmo de pertencer a essa universidade. Uma gratidão imensa pelo acolhimento, pelos amigos que me deu para sempre, pelas possibilidades, pelo conhecimento, pela vida que se abriu para mim.

A decisão de mudar o rumo é difícil, mas é importante ter coragem e venho me preparando para isso. Outros aprendizados me aguardam e o frescor de novas energias precisa ocupar o lugar que vou deixar.

Ainda sinto frio na barriga quando penso e por isso decidi me afastar devagar. Ao longo do próximo ano, vou me retirando aos poucos.

Minha vida pessoal também mudou. Israel chegou e se instalou. Já é da família e amigo de meus amigos. Somos muito felizes juntos, companheiros, amigos, um casal que se ama muito. Teremos muitas novidades para viver em 2014. Responsabilidades e alegrias. Será um recomeço também para ele.

Ano novo, vida completamente nova, e casa nova também. Quase que reconstruído, o apartamento tem de antigo apenas o endereço.

Nada disso foi planejado por mim, mas se mostrou assim no final das contas. Algo no universo me diz que tudo está bem e que assim estava programado para ser.

Fé, energia positiva, a certeza da proteção que vem dos céus.

Gratidão à vida, à minha querida Santa Sara, ao Dr. Goldenberg e Dr. Plínio, à espiritualidade que me ampara. Gratidão ao amor de meu pai, que sinto tão presente comigo. Gratidão a Deus.

Ainda preciso de todos. Peguem na minha mão enquanto ainda não consigo me equilibrar sozinha.

E quando meus passos forem firmes e seguros na minha estradinha de brilhantes, caminhem ao meu lado para que eu possa lhes contar minhas novas histórias.


sábado, 20 de abril de 2013

Um 20 de abril ...






Há dois anos não vejo você. Quanta saudade. E como ainda dói sua partida ...

Como será que está você hoje? será que nossos pensamentos e nossas orações chegaram até você? espero que sim. E desejo que isso tenha acalmado seu coração e feito você sorrir.

Não tenho conseguido escrever nossas histórias, mas você sabe que não é por falta de assunto. É apenas que ando um pouco cansada. 

Tantas coisas aconteceram nesses dois anos. Coisa boas também. E estou feliz por elas.

Logo logo eu retomo esse cantinho. Só mais um pouquinho e eu já volto.

Fique com Deus, meu pai. Sinto muito sua falta, muito mesmo.

Um abraço apertado e meu carinho.