sábado, 20 de agosto de 2011

Terezinha de Jesus

Para fazer voar a imaginação, em direção a tempos doces ...


Terezinha de Jesus de uma queda
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos três chapéu na mão

O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão
O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão

Terezinha levantou-se
Levantou-se lá do chão
E sorrindo disse ao noivo
Eu te dou meu coração

Tanta laranja madura
Tanto limão pelo chão
Tanto sangue derramado
Dentro do meu coração

Da laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da menina mais bonita
Quero um beijo e um abraço


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sementes Plantadas


Quando meus avós paternos decidiram se casar, certamente não imaginaram todas as vidas e histórias que decorreriam dessa união. Levavam na bagagem os mesmos sonhos de tantos casais de imigrantes apaixonados. Jovens que escolheram essa terra e nela fincaram suas raízes.


Meu avô Silvério era um italiano contador de histórias, cheio de imaginação. Como contraponto, minha avó Rosinha era uma espanhola pequena e delicada. 

Meu avô, entre muitas outras empreitadas, foi dono da jardineira que fazia a linha Pirangi – Jaboticabal. Essas idas e vindas por aquele trajeto e os passageiros diários rendiam muitas historias para contar nos finais daquelas tardes. Como a cobra avistada por ele na estrada para Jaboticabal, que de tão grande ainda não havia terminado a travessia quando a jardineira de meu avô retornou muito tempo depois na direção de Pirangi. Exemplo dos exageros daquele italiano, que se divertia assim.

Minha avó era moça bonita, refinada, elegante e também dona de grandes dotes culinários. Tinha sempre a casa cheia de amigas na juventude e com elas frequentava os bailes e as festas da região. Dos moços bonitos que rodeavam aquele grupo, escolheu meu avô e com ele se casou.

Tiveram seis filhos: José, Luiz (meu pai), Seraphina, Paschoal, João e Salvador. Seus filhos lhes deram netos. Tivessem eles vivido mais e veriam hoje seus bisnetos e tataranetos.

Meu avô morreu quando eu tinha apenas dois anos. Não me lembro dele, mas sei que fui exibida em seu colo na praça de Taiaçu aos três meses de minha vida. Gosto dessa história.

De minha avó tenho mais lembranças. Era tão miúda. Pele morena de espanhola, dona de um olhar carinhoso e delicado. Quando ela se foi, vi meu pai chorar muito e várias vezes. Em meu coração de menina, só cabia a dor pelo sentimento de meu pai, somada à minha impotência diante daquele vazio que ele estava sentindo.

Cresci vendo crescer em mim um grande carinho e afeto pelo lado paterno de minha família.

Meu Tio Paschoal me deu três primos: Aida, Silvério e Fernando. De minha Tia Seraphina ganhei Maria do Carmo e João Carlos. E de meu Tio João vieram Suely e Ivan.  Meus tios José e Salvador não se casaram nem tiveram filhos.

Existem entre todos nós laços de um amor imenso, que me emocionam sempre.

Hoje, todos os filhos de meus avós se foram. Deixaram aqui as pessoas que se uniram a eles, como uma missão cumprida: Mercedes, minha mãe; Maria, esposa de meu Tio Paschoal; Ana, esposa de meu Tio João; e Ângelo, marido de minha Tia Seraphina.

Ficamos nós também: filhos, netos e bisnetos. E um imenso vazio.

O último a partir foi meu pai, muito recentemente. E quando ele se foi, uma amiga estava explicando à sua netinha, curiosa com o movimento estranho do dia, que meu pai havia ficado doente e que agora estava no céu.

A menina respondeu: não, vovó. Ele está no colo da mãe dele.


E foi assim que soubemos que meus avós reuniram todos os seus filhos novamente, em um lugar distante, pacientemente cuidado por eles.