domingo, 20 de novembro de 2011

O Meu Galinho


Gratidão!


Há três noites que eu não durmo, ola rá !
Pois perdi o meu galinho, ola rá !
Coitadinho, ola rá ! Pobrezinho, ola rá !
Eu perdi lá no jardim.


Ele é branco e amarelo, ola rá !
Tem a crista vermelhinha, ola rá !
Bate as asas, ola rá ! Abre o bico, ola rá !
Ele faz qui-ri-qui-qui.


Já rodei em Mato Grosso, ola rá !
Amazonas e Pará, ola rá !
Encontrei, ola rá ! Meu galinho, ola rá !
No sertão do Ceará !



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Seu Sinhô

Nos últimos dias, tenho pensando muito em Vovô Sinhô. Sua imagem e muitas lembranças têm me acompanhado, entram em meus sonhos, adormecem e acordam comigo. Ainda assim, é difícil encontrar palavras que traduzam o que ele representou na vida de minha família e isso deixou o texto girando em meus pensamentos sem que eu conseguisse coragem para começar.

Meu avô Sinhô nasceu Guilhermino. O que levou ao apelido é pesquisa que ainda não fiz. Não perguntei a ele e agora quem poderá me responder com segurança? Apelidos muitas vezes ninguém explica, só vão acompanhando a pessoa pela vida.

Enfim, o que importa é que é doce, ao mesmo tempo em que sugere admiração. E assim era meu avô.

Meu avô era descendente de portugueses, nasceu em Lambari, em Minas Gerais. Isso complica ainda mais minhas origens, misturando espanhóis, italianos, portugueses e mineiros. Acho graça. Acho também bastante confuso.

Casou-se com minha avó Marianina quando já morava em Taiaçu - cidade onde todos nós nascemos. E ali viu crescer suas quatro filhas. Morou, portanto, a maior parte de sua vida cercado de mulheres: minha avó, a cunhada - que sempre morou com eles e as filhas. E saiu-se muito bem nessa empreitada. Em todos os momentos, sua família estava em primeiro lugar e protegia cada um de nós em qualquer situação..

De fala mansa e extremamente educado, impunha suas idéias usando pouquíssimas palavras. Bastava sua presença, seu olhar.

E com esse perfil, envolvia-se na política da cidade e vivia cercado de amigos.

Homem bonito, magro, alto para a época. Elegante mesmo. Até o fim da vida usou terno e chapéu.

Meu avô era o modelo de companheiro por quem hoje as mulheres suspiram, e procuram sem encontrar.  Amou minha avó, a ela foi fiel e dela cuidou até o fim. Despediu-se dela com um beijo nos lábios e os olhos cheios de lágrimas. Sem desespero, num gesto silencioso que carregou o ambiente de amor e de emoção. 


Nunca me esqueci disso. E desejei ter para mim um companheiro assim.

Meu avô era funcionário da Prefeitura de Taiaçu, mas era também marceneiro. Naquela época, os moços “aprendiam um ofício” para lhes assegurar estabilidade em momentos incertos. E ele trabalhava a madeira com perfeição.

Com seu jeito quieto e carinhoso, tinha sempre um presente para os netos, feito com suas próprias mãos. Em especial, um boneco preso a hastes de madeira, que fazia piruetas. E caleidoscópios!

Quem teve um avô que fazia caleidoscópios? Eu tive. E passava muito tempo girando e admirando as imagens que se formavam com o movimento dos vidrinhos coloridos que moravam lá dentro.

Onde foram parar os caleidoscópios da minha infãncia?

Moram agora apenas na minha lembrança, mas ainda são capazes de me arrancar suspiros e me fazer sentir amada e única.

Saudade de você, vovô. 


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ser Seu Amigo

De Vinicius de Moraes, recebido de uma pessoa muito querida

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por ele ter me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: “Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!” Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar da minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. Você acredita nessas coisas? Sim??? Então, ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu ... sabe porque? Porque ... ser seu amigo já é um pedaço dele!