sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um ano sem você!

Para meu pai, Luiz Marasco

Um ano lembrando suas histórias e seguindo em frente,
porque é assim que deve ser.
Para sempre, uma saudade boa irá nos acompanhar.


... e como Nelson Gonçalves também foi seu repertório, 
essa é a escolhida pra hoje:

NAQUELA MESA
Naquela mesa ele sentava sempre
e me dizia sempre o que é viver melhor
naquela mesa ele contava histórias
que hoje na memória eu guardo e sei de cor

naquela mesa ele juntava gente
e contava contente o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho
eu fiquei seu fã.

eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto, uma casa e um jardim
se eu soubesse o quanto dói a vida
essa dor tão doída, não doía assim

agora resta uma mesa na sala
e hoje ninguém mais fala no seu bandolim
naquela mesa tá faltando ele
e a saudade dele tá doendo em mim...
naquela mesa tá faltando ele
e a saudade dele tá doendo em mim...





PS.: Obrigada por cuidar de mim daí de cima.
Agora, finalmente estou bem!


terça-feira, 17 de abril de 2012

Aprendendo a amar

Acordo, abro os olhos e me espreguiço. Um pensamento para quem protegeu meu sono: gratidão. Bom dia para mim e para a vida. Estou pronta!

Olho minha imagem no espelho e perco um tempo assim, olhando. Quem eu sempre vi está diferente hoje. Olho no fundo dos meus olhos, lá onde mora minha alma. A alma está leve.

Um ano buscando, mergulhando em mim mesma, juntando pedaços de histórias minhas. Nem sei o que tanto busquei, que sentido esperava dar às coisas à minha volta. Talvez fosse apenas medo de me descobrir mais tarde vazia, como à margem de um caminho para lugar nenhum.

E por um tempo que durou meses fiquei assim, vazia.

Queria entender. Entender o que mesmo? Sei lá.

Havia algo que eu não sabia, algo que faltou, que não prestei atenção e perdi. E poderia estar em qualquer lugar, em alguma lembrança. Talvez lá na minha infância, naquele quintal cheio de fantasias. Quem sabe na adolescência confusa, vivida intensamente entre crises e amigos tão queridos.

Perdi algumas coisas, algumas pessoas. Deixei outras pelo caminho, porque não mais podiam me acompanhar.

Foi-se embora a pessoa que mais me amou na vida: meu pai. Fiquei órfã desse amor. E sofri, antes de entender que esse amor permaneceria comigo para sempre.

Lembrei de seu olhar me acompanhando com admiração, esse mesmo olhar que ele baixava quando eu era intolerante. Quase pude ouvir ele dizer “oi, querida”, como ele dizia algumas vezes ao telefone. E percebi que, mais do que me amar, ele nunca desistiu de mim.

Pensei no amor dele por minha mãe, declarado, sem pudor de se mostrar frágil diante dela. 

Pensei nela, cúmplice nas artimanhas para acobertar dos filhos as travessuras dos dois. Pensei no olhar dela perdido, também sem entender o que deveria fazer agora sem ele.

E entendi o casamento deles. E me deliciei no privilégio de ter sido assim amada e de ter sido testemunha daquele amor. E ficou claro que o amor esteve à minha volta toda a minha vida.

E assim descobri que meu pai me ensinou a amar e me deixar ser amada. E aprendi que para amar é preciso se despir do medo, dos joguinhos, das meias palavras, das idéias pré-concebidas. É preciso deixar-se flutuar.

E olhei para trás e gostei da história que vi. E olhei no espelho e gostei de ver minha alma dançando no fundo dos meus olhos.

E me vi pronta. E me vi amando e sendo amada.

E, finalmente, renasci.

domingo, 8 de abril de 2012