sábado, 28 de maio de 2011

Primeiros dias de aula


Sou do tempo em que as crianças entravam na escola aos sete anos.

Pois foi nessa época que um dia, chegando em casa, minha mãe me mostrou o uniforme que eu iria usar em breve. Exibia-se glamurosa no cabide uma pequena saia de pregas azul marinho fazendo conjunto com uma camisa branca, presente da Tia Chiquinha. No bolso da camisa, uma listra azul indicando meu primeiro ano na escola.

Ganhei também sapatos novos, alguns pares de meias brancas, uma pasta para carregar meus cadernos, lápis e borracha, tudo cheirando a novo. E uma lancheira verde claro!

É curioso como algumas lembranças surgem tão vivas quando resolvemos escrever sobre elas.

Minha companheira nessa aventura era minha amiga de infância e xará, Sandrinha. Tínhamos a mesma idade, éramos vizinhas e brincávamos juntas. Nada mais justo e perfeito!

E assim, dentro dos nossos uniformes reluzentes, seguimos escoltadas e radiantes em direção àquele novo mundo que nos aguardava. Aqui, não me lembro se falávamos sem parar ou se a ansiedade havia engolido nossas palavras. Seja como for, o que não esqueço é que havíamos percorrido menos da metade do caminho quando uma rajada de vento levou longe o laço branco que minha mãe havia colocado no meu cabelo. Correria, gargalhadas e seguimos em frente, depois do laço resgatado.

Daquele tempo na escola, lembro de pouca coisa. Minha primeira professora era Dona Rosinha e gostava de mim. Como eu era boa aluna, deixava-me tomando conta da sala quando precisava sair para resolver algum assunto. A professora Sônia, que me acompanhou por dois anos; as filas e o hino no pátio antes do início das aulas, o cheiro das lancheiras na hora do intervalo e as brincadeiras. São poucas lembranças, mas valem para registrar aquele tempo da minha vida, quando eu ainda iniciava uma jornada que nem imaginava onde terminaria.

Outro dia me disseram que nós cumprimentávamos o guardinha que fazia a travessia na porta da escola, dando a mão e bom dia. Não me lembro disso, mas me lembro dele, sim, e achei graça. Criança tem dessas coisas.

Bons tempos aqueles, quando tudo era tão simples e engraçado quanto correr atrás de um laço arrancado pelo vento.


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